Pesquisas realizadas mostram que o mercado imobiliário do Distrito Federal anda agitado. Os preços de aluguel vêm mantendo essa modalidade interessante tanto para inquilinos quanto para proprietários. E como boas opções de negócios, surgem as cidades fora do Plano Piloto, ao mesmo tempo em que quem tem dinheiro para financiar encontra uma boa área para seguir.
O portal Wimóveis realizou um levantamento que expôs rentabilidade acima dos 6% para os interessados em investir em regiões como Águas Claras e Sobradinho. Isso significa que, nesses locais, um investidor demora menos tempo para reaver o valor total do imóvel por meio de cobrança de aluguel.
Águas Claras surge com rentabilidade de (6,3%), um pouco acima de Brasília (6,2%), que na pesquisa concentra Noroeste, Asa Norte, Sudoeste, Octogonal, Asa Sul e Lago. Já Sobradinho, se posiciona com 6,7% ao ano, acima de Águas Claras.
O economista-chefe da G2W Investimentos, Ciro Almeida se manifestou; “Na parte norte da cidade, percebemos uma valorização maior primeiro, porque o crescimento de Brasília foi sempre para o sul. Enquanto isso, a parte norte foi reprimida. Vemos pleno crescimento por lá, com obras, e isso valoriza a nova qualidade de vida”, explica.
Atualmente, ele analisa ainda que, caso a pessoa tenha medo de se arriscar em um financiamento longo, morar de aluguel vale a pena, pois nesse sentido, os preços alcançam de o,3% a o,5% do valor total do imóvel. “Já esteve em 1%. Portanto, vale a pena manter dinheiro em sua posse, guardar para outras aplicações e morar nessa modalidade. Os imóveis não vão voltar a valer R$ 15 mil o metro quadrado de uma hora para outra”, instrui.
Porém, ele ressalta que a taxa básica de juros do país, a Selic, intenta em fechar o ano, conforme o Banco Central, em seu menor percentual desde 1997. Ou seja, 6%. Assim, quem tiver dinheiro de sobra poderá contar com uma maior possibilidade de ganhos em investimentos como imóveis do que deixando na renda fixa (poupança, por exemplo).
No fluxo
O que incentiva famílias a se mobilizarem para deixar o aluguel e investidores a colocarem seus ativos na pista é essa janela de oportunidade. Para acompanhar a retomada do crescimento no setor imobiliário de outras formas, cada dia mais empresários têm se movimentado.
Flávio Vasconcelos de Freitas 42, arquiteto e dono de uma companhia de TI, é um desses empresários. Criador da plataforma Comdono.com, inaugurada no início deste mês, que facilita corretagens e aproximar proprietários de eventuais inquilinos, ele enxergou uma tentativa de embarcar em lançamentos no setor Noroeste e no Park Sul. “Eu acredito que a nova geração vai se relacionar com o mercado imobiliário de forma diferente”, projeta.
“Temos visto que 80% da compra de imóveis começam com buscas simples na internet”, diz. Assim, Flávio notou a grande demanda pelas áreas e aproveitou para se inserir no meio digital. “O cenário faz as pessoas perceberem que estão sendo empurradas para fazer uma compra, porque a valorização do imóvel vai ser maior do que a da renda fixa” finaliza.
Atestando o movimento de reaquecimento, está a Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), apontando que, apenas no primeiro semestre de 2019, foi lançado R$ 1,2 bilhão em valor global de comercialização de lançamentos, mesmo número na comparação com todo o ano passado.
De acordo com o vice-presidente da entidade, Eduardo Aroeiras, que faz ressalvas, pesquisas como a do Wimóveis podem não corresponder ao cenário real. Aroeiras afirma que um dado como o de rentabilidade é necessário se levar em consideração os valores menores da parte norte do DF em comparação com áreas nobres da cidade. “Mesmo que haja uma diferença positiva para outras regiões, a possibilidade de ganhos e os maiores valores ainda estão concentrados no Plano e em Águas Claras”, lembra.
Distinções
Segundo o levantamento do portal, enquanto o preço médio de locação para um apartamento de 2 quartos, com 65 m² e vaga na garagem em Águas Claras, o valor é de R$ 1,3 mil, no Plano Piloto, ele se encontra em R$ 2,4 mil; e em Sobradinho está em R$ 985. Portanto, analisando os 12 meses anteriores, o aumento no preço do aluguel no Plano foi de 6,6%, ficando atrás apenas de Águas Claras, onde os valores subiram 7,6%. Em Sobradinho, houve queda de 0,7%.
Desmembrando a região de Brasília, nota-se que o Noroeste tem, aos poucos, vem apresentado as maiores valorizações da cidade. Sendo assim, o valor médio de locação na área chegou a R$ 3.034 — mais caro do que Asa Sul (R$ 2.694) e Sudoeste (R$ 2.424). Em termos de preço do metro quadrado, o Noroeste também conta com o maior valor entre os lugares pesquisados. São R$ 10,1 mil, mais de três vezes o constatado em Sobradinho, de R$ 2,7 mil.
Eduardo Aroeiras justifica os valores praticados na região pelo fato de ser “a última porção da área tombada ainda para construir”. “Agora, nós caminhamos para as últimas projeções da Terracap a serem vendidas. Assim, vemos que o investidor de lá é a pessoa que tem experiência no mercado, verificou uma tendência de rentabilidade e passou a aplicar em imóveis após o período de estabilidade de preços, acompanhando a inflação”, pontua.
Oportunidade
A gerente de Marketing do Wimoveis, Angélica Quintela, Detalhando as noções de rentabilidade no mercado imobiliário, Angélica Quintela, gerente de Marketing do Wimoveis conta que se há um investimento x no imóvel, quanto menos tempo leva para você cobrir o valor da venda do imóvel com dinheiro de locação, mais rentável ele é.
O desaquecimento econômico vivido pelo país nos últimos três anos prejudicou o mercado e fez com que mais pessoas buscassem o aluguel em vez de arcar com prestações da casa própria de acordo com Angélica. Com isso, houve uma menor procura pela compra de imóveis e, consequentemente, a queda dos preços. Como houve maior agitação na economia desde as vésperas das últimas eleições, Angélica enxerga um lento, mas gradual movimento de retomada.
“Já observamos uma valorização do imóvel para venda também. Não houve uma retomada grande, mas existe uma tendência. A rentabilidade hoje em dia também está boa por conta da queda da taxa Selic (taxa básica de juros). É um bom momento para ir atrás de algum investimento”, assegura.
Cozinhando
Com as expressivas diminuições de preço, os imóveis para alugar no Guará sofreram desvalorização de 9,6% no período de um ano. Situação parecida à do Gama, que viu os apartamentos e casas para locação ficarem a uma média de R$ 910 – 7,2% mais barato desde julho de 2018.
Portanto, quando o assunto é comercialização de imóveis usados, a região chamada de Brasília pela pesquisa (Noroeste, Asa Norte, Sudoeste, Octogonal, Asa Sul, Lago Norte) domina os preços mais caros no DF. O metro quadrado, em média, custa R$ 8.181.
Esse valor foi consolidado após aumento de 4,1% no decorrer dos últimos 12 meses, constituindo a segunda maior variação entre as regiões pesquisadas no período. A cidade que sofreu com o maior reajuste do metro quadrado foi Santa Maria, cujos preços subiram 5,8% e ficaram em R$ 2.957, na média.