Empresa teria recebido R$ 14,5 milhões para reformas públicas, mas entregou apenas R$ 4 milhões em obras, segundo investigação
A Prime Construções LTDA, com sede em Águas Claras, é alvo de uma investigação da Polícia Civil de Goiás (PCGO) por fraudes em licitações milionárias com a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). A Operação Obra Simulada estima um prejuízo de R$ 10 milhões aos cofres públicos devido a pagamentos indevidos.
Os proprietários da empresa e outros suspeitos chegaram a ser presos temporariamente no início do mês. Entre os crimes investigados estão peculato, corrupção ativa e passiva, fraude em contratos administrativos, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo a PCGO, os contratos sob suspeita envolvem reformas e manutenção de 26 prédios públicos em Goiás desde junho de 2023.
Superfaturamento e irregularidades
As investigações indicam que os serviços realizados pela Prime Construções excederam os contratos originais, incluindo superfaturamento, pagamentos antecipados e falhas na execução. Em alguns casos, as obras sequer foram realizadas, como no posto policial de Luziânia.
A Controladoria-Geral do Estado (CGE) e a Secretaria de Infraestrutura de Goiás identificaram incompatibilidades financeiras, incluindo um pagamento de R$ 14,5 milhões, sendo que apenas R$ 4 milhões teriam sido efetivamente aplicados nas reformas. Em Pirenópolis, a empresa teria recebido R$ 200 mil sem concluir 10% do contrato, e no Aeródromo de Alto Paraíso de Goiás, uma diferença de R$ 600 mil foi detectada entre o valor contratado e o serviço entregue.
Outro ponto investigado é que a empresa teria sócios ocultos ligados a outros esquemas de fraudes e supostos casos de lavagem de dinheiro. Além disso, há indícios de que servidores da Goinfra possam ter sido beneficiados financeiramente.
Defesa da empresa
O advogado Alexandre Lourenço, que representa os gestores da Prime Construções, afirmou que não há irregularidades na execução dos contratos e que a empresa está colaborando com a investigação. Ele considera as prisões temporárias como abusivas.
O dono da Prime Construções, José Francisco Alves Pereira, segue detido, mas deve ser liberado em 7 de fevereiro. Outro gestor da empresa, Marcus Emmanoel Chaves Vieira, foi solto no dia 4 de fevereiro após cumprir a prisão temporária de cinco dias.
A defesa declarou que um trabalho pericial está em andamento para esclarecer os valores e a destinação dos recursos.